Temos vivido por tanto tempo na superfície...

Focados nas fachadas, aparências, currículos, selfies, por trás das máscaras que nós mesmos criamos, fomos lançados pra fora, 

pra longe do centro do nosso equilíbrio.

Em consequência, fomos obrigados, nos últimos dois anos, a refletir. 

Quem somos nós? Dentro de casa, 

atrás de uma máscara, a gente precisou se redescobrir.

As mandalas ajudam neste processo de reorganização. 

Ao pintar mandalas, partimos do centro. 

Partindo de dentro é que a gente se expande. 

Quanto milagre cabe numa semente!

Intuitivamente, sempre que sinto necessidade 

de me desligar ou reiniciar, pinto mandalas.

Minha vida é um processo constante de busca de equilíbrio interior 

e de sintonia com a humanidade e com Deus, 

que também é natureza, cosmos e energia, 

pra quem prefere uma linguagem menos religiosa.

O crescimento humano se dá, necessariamente, no processo individual e coletivo. Mais do que uma personalidade única, somos também uma unidade coletiva. Quanto mais caminhamos juntos, mais harmônico se torna o conjunto.

Somos energia e matéria que se expande 

e se este movimento é de dentro pra fora, 

existe integração, unidade, profundidade.

É assim a filosofia por trás das minhas mandalas. Traço alguns círculos e pontos de referência e vou compondo, de dentro pra fora, formas e cores. Se repararem bem, suas partes não são idênticas e nem são medidas, 

mas no conjunto elas se harmonizam.

Gisele Moura