De que lugar se projetam os paraquedas? Do lugar onde são possíveis as
visões e o sonho. Um outro lugar que a gente pode habitar além dessa terra
dura: o lugar do sonho. Não o sonho comumente referenciado de quando se
está cochilando ou que a gente banaliza “estou sonhando com o meu
próximo emprego, com o próximo carro”, mas que é uma experiência
transcendente na qual o casulo do humano implode, se abrindo para outras
visões da vida não limitada. Talvez seja outra palavra para o que costumamos
chamar de natureza. Não é nomeada porque só conseguimos nomear o que
experimentamos. O sonho como experiência de pessoas iniciadas numa
tradição para sonhar. Assim como quem vai para uma escola aprender uma
prática, um conteúdo, uma meditação, uma dança, pode ser iniciado nessa
instituição para seguir, avançar num lugar do sonho. Alguns xamãs ou
mágicos habitam esses lugares ou têm passagem por eles. São lugares com
conexão com o mundo que partilhamos; não é um mundo paralelo, mas que
tem uma potência diferente. (...)
do livro Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak
#ailtonkrenak
Nenhum comentário:
Postar um comentário