Chica da Silva recebe Joana D`Arc no caminho de Saint Hilaire
acrílica sobre tela
40 x 60 cm
vendida
(encomendada pelas cidades de Diamantina, Serro e Conceição do Mato Dentro
para presentear a cidade de Nova Orleans, França)
Cartaz da exposição Chica da Silva recebe Joana D`arc:
memórias que se cruzam no caminho de Saint Hilaire
Casa da Chica da Silva - Diamantina/ MG
maio e junho de 2019
link: Exposição em Diamantina/MG
link: Exposição em Diamantina/MG
Exposição Chica da Silva recebe Joana D`arc:
memórias que se cruzam no caminho de Saint Hilaire
Museu Regional Casa dos Ottoni - Serro/ MG
julho e agosto de 2019link: Exposição no Serro/MG
link para matéria do site Cientistas feministas
A tela foi exposta em Conceição do Mato Dentro em 2020, porém foi mostrada virtualmente por causa do covid-19
"Recebi
uma encomenda da professora de história medieval da UFVJM, Flávia Amaral, para
uma exposição que pretende irmanar as cidades de Diamantina, Serro e Conceição
do Mato Dentro, no Brasil, e a cidade de Orléans na França. A encomenda: uma
pintura onde Chica da Silva recebe Joana D'Arc no caminho de Saint Hilaire. Para quem não sabe, Saint Hilaire foi um botânico, naturalista e viajante françês, que passou por estas bandas no tempo do Brasil Colônia e realizou importante pesquisa por aqui.
Não costumo
pintar encomendas, mas adoro desafios, e achei este um desafio instigante. Mas
qual seria o fio que liga essas personalidades de épocas e contextos tão
diferentes? Sabia que Saint Hilaire foi nasceu em
Orléans, França. A mesma cidade onde nasceu Joana D'Arc. Sabia também que Chica
da Silva e Joana D'Arc foram mulheres fortes, que desafiaram e marcaram sua
época. Mas elas não têm nada em comum! O que as uniria? Seria o fato de Chica
ter sido quase a dona da região onde mais tarde teria passado o conterrâneo de
Joana D'Arc, Saint Hilaire? Chica receberia Joana porque ela é a anfitriã da
terra dos Diamantes, enquanto Joana possui um diamante dentro do coração, que a
santificou?
Comecei
então a procurar símbolos que pudessem unir tanta história numa única tela. A
região das Minas, especialmente Diamantina, possui como símbolo, em seu escudo,
o diamante, principal riqueza que deu nome à cidade. O diamante também
representa nobreza, poder, e acima de tudo, espiritualidade. A cidade de
Orleans possui no escudo o símbolo da flor de lis, que representa a pureza, a
castidade, e por coincidência, também a espiritualidade. Embora Chica seja uma
mulher comum e Joana uma santa, ambas têm algo que as une: A coragem, ou seja,
um coração forte. Daí ambas trazerem, em minha pintura, suas mãos direitas sobre o peito, enquanto
as esquerdas sustentam os símbolos de suas respectivas cidades. A flor de liz está
abaixo, pois a pureza é necessária para que o diamante do espírito possa ser
lapidado. Ambas, juntas, sustentam a subida em direção ao céu, representada
aqui pela escadaria da igrejinha do Serro, que aponta para cima, com sua forma
que lembra um cristal, também típico da região. Mais acima, emoldurando a pintura, está o Passadiço, que
para mim, é a representação arquitetônica mais forte da cidade de Diamantina. O
Passadiço, que tem a forma de um arco, simboliza aqui a proteção. E possuindo
ao centro duas janelas iguais, juntas, me remete a Jesus e Maria, cujos nomes
estavam inscritos no estandarte que Joana Darc levava durante suas batalhas, e
que certamente a protegeram.
Mais abaixo e nas laterais, a
pintura está emoldurada com os desenhos que Saint Hilaire fazia para registar
as plantas dessa região. Por fim, a cidade de Conceição do Mato dentro foi
representada por um monumento natural, a Cachoeira do Tabuleiro, que, para
minha surpresa, tem a forma de um coração, tendo sido pintada logo abaixo do
nome de Maria, para que a água da vida, abençoada pela Mãe de Deus, possa
irmanar essas quatro cidades e quem sabe um dia, todas as cidades do mundo,
tornando a todos irmãos e filhos da Mãe Terra, tão amada por Saint Hilaire.
Acho que ele merece ser aqui representado por estas mulheres incríveis, e
abençoado pelo Filho e pela Mãe de Deus, aqui, nas Minas Gerais!"
Gisele Moura
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